Vacina da gripe em crianças: especialista responde as dúvidas mais frequentes
A Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe está prevista para acontecer até o dia 9 de julho, e a expectativa do Ministério da Saúde é atender até essa data 90% do público-alvo da campanha – leia-se: grávidas, puérperas e crianças entre 6 meses e 5 anos.
Num momento que tanto se fala sobre a vacina da Covid-19 e que esse assunto se tornou de interesse até mesmo de quem nunca tinha parado para pensar sobre as vacinações, algumas dúvidas ficaram ainda mais latentes na cabeça dos pais.
Pensando nisso, BUBA conversou com o epidemiologista José Geraldo Leite, do Grupo Pardini, que esclareceu as principais questões que chegam até os consultórios.
Dúvidas frequentes sobre vacinação em crianças
1. A vacina da gripe pode dar reação nas crianças?
É muito raro haver reações importantes com a vacina de gripe, por ser uma vacina que tem apenas pedaços do vírus inativado. Mas, quando acontecem, as mais comuns são: o local onde a vacina foi aplicada pode ficar vermelho, inchado e dolorido; febre baixa ou sonolência.
Apesar de não serem comuns, todos esses sintomas são naturais da resposta imunológica do organismo.
2. Quando meu filho é vacinado ele costuma ficar gripado. Isso é normal?
Realmente isso pode acontecer porque a vacina protege contra aqueles três ou quatro vírus com maior propensão de circularem ao longo do ano. Ou seja: pode acontecer de ter algum outro tipo de vírus circulante, o que tornaria sua eficácia menor. Mas, ainda assim, para as formas graves da gripe, a eficácia é alta.
Então, é importante sim que, mesmo ficando com os sintomas da gripe, a criança seja vacina. Até porque ela faz parte do grupo de risco para a doença.
3. Se já estiver com os sintomas da gripe, meu filho poderá ser vacinado?
O melhor a fazer é aguardar o quadro se resolver para vacinar. Até para não haver confusão entre o que é um evento adverso da vacina que será aplicada e o que é complicação da própria gripe que já está instalada. Agora, se for apenas uma tosse, sem sinais de febre, dor no corpo ou coriza, por exemplo, isso não é impedimento para a vacinação.
4. Meu filho tem alergia a ovo. Mesmo assim ele pode tomar a vacina?
Acredito que o ponto mais importante a ser esclarecido sobre a vacinação da gripe em alérgicos a ovo é que o Ministério da Saúde pede precaução nesses casos, mas não contraindica a vacinação.
O único cuidado que se deve ter é quando se trata de uma alergia muito grave, que deixa o rosto e os lábios inchados, dá coriza… Nesse caso, no Brasil, recomenda-se fazer a vacina sob observação médica para tratar alguma possível reação.
Já em outros países, descartaram esse acompanhamento porque já se considera que a vacina não traz mais riscos para as crianças alérgicas em comparação com as que não são alérgicas.
5. Se meu filho tiver sintomas da Covid-19, devo dar a vacina da gripe?
Qualquer pessoa, inclusive as crianças que tenham testado positivo para Covid-19 ou tido os sintomas, deve tomar a vacina da gripe apenas 30 dias após o teste positivo ou o início dos sintomas, caso ainda não tenha feito. E, claro, nesse período ela já deve estar recuperada. Se passado esse tempo ainda houver sintomas, é necessário aguardar que eles passem para, só então, vacinar.
6. Devo dar algum medicamento antes da vacinação, para prevenir algum possível sintoma?
Não é indicado o uso de nenhum medicamento antes ou depois da vacinação da gripe. Só se houver uma febre mais alta é que pode ser necessário o uso de algum antitérmico, mas não é uma recomendação de rotina.
7. Qual a diferença entre a vacina contra a gripe dada no posto de saúde e nas clínicas particulares?
A diferença é que a rede pública disponibiliza a vacina trivalente. Já a rede privada conta com a trivalente e a tetravalente. Essa última protege contra um tipo a mais do vírus influenza. Mas isso não significa que a da rede pública não seja eficiente, e sim que a da rede privada é mais abrangente.
8. Quanto tempo a vacina da gripe leva para fazer efeito?
Assim como boa parte das vacinas, a da gripe protege após duas semanas da data de aplicação da segunda dose, caso seja a primeira vez que a criança a toma. Já aquelas que foram vacinadas na campanha anterior, recebem apenas uma dose e também ficam imunizadas após o período de duas semanas.