fbpx
Miopia em Crianças: Entenda se Seu Filho Sofre com o Problema - Buba Produtos para Bebês

Miopia em crianças: entenda se seu filho sofre com o problema

Pandemia. Crianças em casa. Pais em home office. Escolas fechadas. Aulas online. O combo perfeito para que os pequenos passem mais tempo na frente das telas.

Especialmente no último ano, as crianças tiveram menos contato com a natureza e muito mais contato com os aparelhos eletrônicos. O problema desses dispositivos é que eles prendem a atenção de um jeito que elas ficam horas ininterruptas olhando para o mesmo ponto.

Os reflexos dessa realidade já estão sendo sentidos também no que diz respeito à saúde oftalmológica dos pequenos: pesquisa publicada num dos periódicos científicos mais respeitados do mundo, o JAMA Ophthalmology, mostrou que os casos de miopia entre crianças de 6 a 13 anos triplicaram no último ano.

Uma epidemia igualmente silenciosa e perigosa. “Países asiáticos já alertavam para um aumento da população míope, e cada vez mais estudos têm demonstrado isso ao redor do mundo.

No Brasil, ainda não temos estudos grandes, mas tem-se observado um aumento de miopia em populações de classes sociais mais altas e em grandes centros urbanos, enquanto nas populações menos favorecidas e de periferias e zonas rurais isso não é observado.

O que nos leva a crer que realmente a redução das atividades ao ar livre e o maior uso de eletrônicos esteja sim relacionado com um aumento da miopia”, conta a oftalmologista pediátrica Aline Carvalho Ribeiro (@aline.oftalmo), da Fundação Dr. Rubem Cunha, da Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha e colaboradora do setor de Estrabismo e Oftalmopediatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Como saber se meu filho precisa de ajuda?

Que o uso excessivo de telas traz prejuízos à visão das crianças já entendemos. Mas quais seriam os sinais de que é preciso buscar ajuda?

É aí que está o xis da questão: a miopia é a dificuldade de enxergar de longe. Entretanto, como o mundo da criança é mais de perto, fica difícil notar a dificuldade, mesmo com graus altos e outros problemas oculares.

“A criança que tem problema de visão não sabe como é enxergar bem, visto que ela sempre enxergou daquele jeito, e para ela isso é o normal. Então, muitas vezes, elas não têm sintomas. Por isso é importante levá-las a consultas periódicas com o oftalmopediatra”, diz Aline Ribeiro.

Apesar da dificuldade para perceber que a criança precisa de ajuda, existem alguns sinais que podem indicar problemas de visão, como conta a especialista:

“Se a criança se aproxima dos objetos, se queixa de dor de cabeça, começa a piscar mais, coçar ou cerrar os olhos, franzir a testa, ter hipersensibilidade à luz, falta de interesse em atividades com detalhes, leitura ou até mesmo baixo desempenho escolar, é bem provável que ela esteja com dificuldades para enxergar”, diz a oftalmologista pediátrica.

É preciso limitar o tempo de tela

Outro ponto importante é que os adultos também estão hiperconectados. Dormem e acordam com o celular ao lado da cama. Sendo assim, a criança passa a entender que é perfeitamente normal não desgrudar dos aparelhos.

Então, é importante fazer o exercício de dar pausas maiores sem o celular ou tablet em mãos ou a tv ligada. “Criar uma lista de tarefas e rotinas é importante, principalmente nesse período de pandemia, para a criança não ficar entediada e querer ficar só nos eletrônicos.

Separar um tempo para brincar com os filhos com outras atividades, brincar de teatro, acampamento, adivinhação… e criar momentos de conexão com a família”, lembra a especialista. Tudo a fim de limitar o tempo de tela.

E por falar em limite, o ideal é que de 0 a 2 anos o tempo de tela seja zero. Já de 1 a 5 anos, 1 hora por dia; e acima dessa idade, 2 horas diárias. Além disso, é importante respeitar a regra 20/20/20, como explica Aline Ribeiro:

“A cada 20 minutos de uso de telas, fazer uma pausa de 20 segundos mudando o foco de olhar para uma distância maior que 20 pés, que seriam 6 metros. Eu sempre aconselho os pacientes a estudarem próximo a uma janela para poderem olhar para o horizonte. É recomendado também duas horas de atividade ao ar livre diariamente. Claro que na pandemia tem sido mais difícil, mas uma varanda, um quintal ou uma janela aberta em um ambiente com boa iluminação natural já ajudam muito”, ressalta.

Entenda a miopia

A miopia é a dificuldade para enxergar de longe. Problema que, em geral, é facilmente corrigido com o uso de óculos, mas que em alguns casos pode precisar de intervenções especificas. Daí a importância da avaliação de um oftalmopediatra.

Ela normalmente é causada por um aumento no tamanho do globo ocular, e como a criança está em fase de crescimento, o mais comum é o olho crescer também. Com isso, o grau aumenta. E você pode estar perguntando se é possível reverter a situação.

“É raro vermos casos de reversão desse grau. O que acontece é que quanto mais cedo a criança desenvolve a miopia, mais o problema vai crescer e maiores serão as chances de ter alta miopia, com mais de 6 graus. Isso porque nesses casos o olho pode ficar tão grande que as estruturas dentro do olho ficam deformadas. Com isso, há mais risco de complicações graves, que podem até a levar a cegueira irreversível”, alerta a médica.

Primeira consulta antes do primeiro ano de vida

Poucas pessoas sabem, mas a recomendação da Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria é que o primeiro exame oftalmológico seja feito antes do primeiro ano de vida.

“Isso é importante porque a criança não nasce com a visão completamente desenvolvida. Ela aprende a enxergar e precisa que os olhos e o cérebro estejam funcionando normalmente e que tenha o estímulo adequado para a visão se desenvolver. O quanto antes diagnosticarmos algum problema, maior a chance de a criança ter uma visão melhor quando adulta”, diz a especialista.

Na prática, porém, é comum que a primeira consulta oftalmológica só aconteça quando os pais suspeitam da dificuldade para enxergar. “Cabe a nós conscientizarmos a população sobre a importância do exame precoce. E vale ressaltar que teste do olhinho é um teste muito importante, mas ele não exclui a necessidade de um exame oftalmológico”, conclui a médica.