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Apraxia de Fala na Infância - Buba Produtos para Bebês

Apraxia de fala na infância: como identificar e tratar

Distúrbio afeta a comunicação e o desenvolvimento e exige acompanhamento profissional

Você já ouviu falar em apraxia de fala na infância? Embora ainda seja pouco diagnosticada e até desconhecida por alguns fonoaudiólogos e pediatras, é uma condição que exige bastante atenção, porque afeta uma habilidade fundamental do desenvolvimento humano: a comunicação.

A fonoaudióloga Cíntia Bonfante (RS) conta que foi apenas em 2007 que a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) definiu o termo que designa o quadro. Segundo a entidade, quando uma criança tem apraxia de fala, as mensagens que ela deseja emitir não são transmitidas corretamente.

“A criança tem a ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos motores da mandíbula, dos lábios e da língua para produzir sons para formar sílabas, palavras e frases”, descreve a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (Abrapraxia).

Como identificar?

Cíntia lista alguns sinais que podem levar os pais a desconfiarem do quadro: histórico familiar de atraso de desenvolvimento da linguagem, bebês que balbuciam pouco (mais quietinhos), quando as primeiras palavras aparecem depois de 14 meses, pequenos que compreendem mais do que conseguem expressar. “Percebe-se que a criança tenta mas não consegue produzir a palavra”, explica.

Quando o filhote tem dificuldade em repetir as palavras pode ser mais um sinal de alerta. “E muitas vezes a cada tentativa a criança articula algo diferente, ela pode conseguir falar apenas um pedaço da palavra”, descreve Cíntia. Essa dificuldade articulatória tende a ser ainda maior de acordo com o número de sílabas da palavra.

Os pais também podem observar se há diferenças na entonação e na fala de vogais. “Elas têm mais dificuldade em vogais, por exemplo querem falar ‘pé’ e dizem ‘pá’”, exemplifica a fonoaudióloga.

Sinais além da fala

Dificuldades motoras também podem acompanhar o quadro, explica Cíntia, como para correr, pular ou usar brinquedos de encaixe. “A criança ainda pode apresentar dificuldades de praxias orais, como fazer biquinho pro beijo, assoprar, fazer movimentos como encher as bochechas de ar.”

A própria sensibilidade da boca pode ser alterada. De acordo com Cíntia, isso pode afetar também a força de mastigação e levar à preferência por alimentos mais pastosos. “E como a fala é muito importante para a organização dos pensamentos, a criança pode ser também um pouco desorganizada no seu dia a dia”, completa.

Será que o meu filho tem?

O diagnóstico deve ser feito por um fonoaudiólogo experiente em transtornos motores da fala. “Muitas vezes o fonoaudiólogo pode pedir avaliações complementares a profissionais geneticistas, neuropediatras e terapeutas ocupacionais para auxiliar nesse diagnóstico”, coloca Cíntia.

Ela explica que o diagnóstico só pode ser feito a partir dos três anos, mas que a intervenção profissional pode começar antes dessa conclusão. “A intervenção precoce é sempre o padrão ouro para conseguirmos evoluções mais rápidas e significativas”, destaca.

Tratando a apraxia de fala na infância

É necessário fazer fonoterapia. “Busque um fonoaudiólogo que tenha formação em métodos de intervenção específicos para apraxia de fala na infância como DTTC e PROMPT”, orienta Cíntia. “É essencial que a criança tenha uma prática repetitiva das palavras e que possamos facilitar a sua produção através de pistas multissensoriais (visuais, auditivas, proprioceptivas).”

A profissional explica que existem graus de apraxia de fala na infância, e o número de sessões varia de acordo com a gravidade do distúrbio. Esse acompanhamento fonoaudiológico também costuma ser feito a longo prazo, e a evolução da criança pode ser lenta, mas os resultados são variáveis de acordo com cada caso.

“Os pais são especialmente importantes no processo já que precisamos de muita repetição para que a criança consiga automatizar a sequência dos movimentos para a palavra trabalhada. Mas precisamos cuidar para que os pais não deixem de ser pais para serem terapeutas, porque isso pode prejudicar muito as crianças”, alerta Cíntia.

Outros profissionais também podem entrar em cena, como psicólogos, pedagogos e terapeutas ocupacionais. Vale destacar que é fundamental tratar a apraxia de fala na infância para que a criança não tenha seu desenvolvimento comprometido.

“Caso não seja tratada, a criança pode desenvolver dificuldades de socialização, escolar e emocional, porque muitas vezes ela não consegue ser compreendida, o que causa muita frustração e comportamentos inadequados como irritabilidade e agressividade, o que irá prejudicar seu desenvolvimento como um todo”, finaliza Cíntia.

Para saber mais

O vídeo a seguir da Abrapraxia explica mais sobre o distúrbio:

Fonte: Abrapraxia

Causas da apraxia

  • Idiopática: é a mais comum, quando não há uma causa específica, sem alterações nos exames tradicionais (como ressonância, tomografia). É quando, por exemplo, a criança aparenta compreender tudo mas não fala.
  • Adquirida: determinadas condições podem levar ao quadro, como lesões cerebrais, a presença de síndromes, problemas no nascimento.